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Qual o tratamento para a síndrome pós-Covid-19?

A diversidade de apresentações clínicas da síndrome pós-Covid-19 requer uma atenção holística e uma escuta empática do paciente pela equipe multiprofissional que deve estar idealmente integrada na abordagem do tratamento e cuidado na reabilitação física, cognitiva, psicológica e social do paciente. Essa integralidade na atenção é essencial para detecção das sequelas, prevenção de agravos e, principalmente, para que o tratamento seja aplicado precocemente, minimizando o tempo de complicações e favorecendo o retorno das atividades de vida diária e laborais.  É importante que o suporte necessário durante esse processo de reabilitação seja estendido não apenas ao paciente, mas também aos seus cuidadores, que também terão papel ativo no curso da recuperação.

Na figura abaixo podemos perceber todos os profissionais integrados envolvidos nesse processo.

Fig – Tratamento multiprofissional da Síndrome Pós Covid-19

          Em relação a dispneia, é importante afastar pneumonia, descompensação da insuficiência cardíaca, exacerbação do DPOC e TEP. Exercícios respiratórios e reabilitação pulmonar são importantes no alívio sintomático sempre que possível monitorizados com oximetria de pulso. Dispneia refratária ou piora indica investigação com imagem, espirometria e teste de caminhada de 6 minutos.

Pacientes com tosse persistente devem ser investigados para afastar uma complicação infecciosa, principalmente bacteriana pós pneumonite viral. Exercícios de controle respiratório idealmente orientados por um fisioterapeuta tem ajudado e uso de corticoide inalatório pode ser uma opção.

A fadiga, geralmente profunda e prolongada, é um sintoma inespecífico e mais comum é o mais difícil de manejar por ser multifatorial. Manobras de conservação de energia podem ser necessárias. Evitar suplementos e multivitamínicos. Mesmo em pacientes com fadiga significativa importante encorajá-los a reassumir as atividades diárias de forma lenta e progressiva conforme for tolerado é uma estratégia

A dor torácica persistente deve ser valorizada e investigada se suspeita de etiologia cardiogênica. ECG, ecocardiografia, TAC de tórax ou ressonância cardíaca podem ser necessários.

Sintomas como a perda de olfato podem ser minimizados através de técnicas de treinamento olfativo que consiste em submeter o paciente a inalação recorrente de odores característicos e fortes como café, cravo, eucalipto, sabão, baunilha entre outros

É possível que em um ano até um quinto dos pacientes com manifestações persistentes da covid necessitarão de acompanhamento com especialista (cardiologista, pneumologista ou neurologista) e até um a cada 10 pacientes podem necessitar de nova hospitalização neste período10.

O número de pacientes que tem reportado sintomas persistentes ou mesmo novos sintomas após o quadro agudo da infecção pelo SARS-COV-2 continua aumentando. Precisamos, portanto, de um esforço colaborativo e integrado de caráter internacional para definir de forma mais precisa esta condição, delinear sua epidemiologia, história natural, fisiopatologia bem como estratégias de reabilitação multiprofissional para todos os indivíduos que vem padecendo deste legado da pandemia.

     *Vale a pena destacar que o conteúdo abordado neste material deverá ser atualizado de acordo com o surgimento de novas evidências, tendo em vista que o conhecimento científico sobre o tema ainda é incipiente e está em constante evolução.



*Texto extraído do artigo escrito pelos autores: Francisco Luiz Gomide Mafra Magalhães1, Rebecca Saray Marchesini Stival2 e Amanda Flenik Kersten3

  1. Especialista em Clínica Médica e Medicina de Emergência pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), Diretor do Capítulo de Ensino Médico e Epidemiologia Clínica da SBCM – Regional do Paraná, Preceptor da Residência de Clínica Médica Hospital de Clínicas – UFPR e Diretor Clínico da Fisiomed – Clínica de Atendimento Multidisciplinar Pós-Covid
  2. Especialista em Clínica Médica – HCUFPR, Especialista em Pneumologia – HCUFPR, Mestre em medicina interna pela UFPR, Preceptora da Residência de Clínica Médica do Hospital Universitário Cajuru, Professora de Pneumologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
  3. Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas – USP Ribeirão Preto (FMRP), Preceptora da Infectologia do Hospital de Clínicas – UFPR, Médica Infectologista do Complexo do Hospital do Trabalhador – Paraná. Médica Infectologista da Fisiomed – Clínica de Atendimento Multidisciplinar Pós-Covid

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